quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Autoritarismo

Um belo dia de fim de ano
Caiu na escola uma tal de prova floripa
Mais uma da série "Como os números são lindos"
Que deveria diagnosticar, segundo a prefeitura, o processo ensino-aprendizagem
Através de uma prova estilo vestibular! 
(Só pode ser magia)
Dois estudantes do oitavo ano, após discurso da general (ops! diretora) decidiram boicotar.
E o que receberam em troca?
Foram obrigados a realizar a prova numa salinha privada e de quebra dois dias de suspensão!
Viva o autoritarismo!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

...


"Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá."


Charles Chaplin



domingo, 30 de novembro de 2014

Os olhos de Pachamama

Ah! Se Pachamama tem olhos
Estou segura que são esses
Parece que saltam da terra para espiar o rumo das coisas!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

"O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos."

Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo". Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o principio, é o nosso conceito do mundo. É em nós que as paisagens têm paisagem. Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid, em Berlim, na Persia, na China, nos Polos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

Livro do Desassossego - Bernardo Soares


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Desabafo de uma viajante do Rio Tavares

Alvoroço
Ruído
Fonte foto: http://ndonline.com.br
Barulho
Confusão
Vozes e gritos
Buzinas
Músicas e batidas
Freadas e arrancadas
Postes e fios
Ruas sem calçadas
Raiva e pressa
Cartazes de políticos
Os mesmos políticos
As mesmas caras lavadas
Empurra-empurra
Sobe e desce
Sardinhas enlatadas
Ultrapassagens de risco
Obras inacabadas
Asfalto e sol
Água, só em garrafa
Desrespeito e ignorância
Inúmeras oficinas de carros
Inacabáveis lojas de móveis que te deixam cada vez mais imóveis
Mas quando a primavera floresce, a borda dessa loucura se vê emoldurada de um acolchoado amarelo
E nesse caso, a moldura que vale muito mais que o quadro, chama minha atenção, me alivia e me acalma
Que susto!
Uma borboleta atordoada me esbarra
Uma alma pára e me oferece carona
Entro no posto de gasolina, só para cortar caminho
Se tenho sorte e as serras e máquinas vizinhas já estiverem repousando sinto alívio de chegar em casa

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Retrato do artista quando coisa

Font foto: http://varal-educador.blogspot.com.br/2011/04/manoel-de-barros-sobre-sucata.html


A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Precisamos de você

"Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.

Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.

Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação". 


Bertold Brecht



terça-feira, 7 de outubro de 2014

domingo, 5 de outubro de 2014

Simplicidade

Num sonho ela me revelou:
É preciso dar para poder receber!
E é com essa simplicidade que eu quero viver
Uma mão entregando e a outra recebendo
Um eterno fluxo 
tendo como caminho o coração.


Anti patriarca - Ana Tijoux

Yo puedo ser tu hermana tu hija, tamara pamela o valentina
Yo puedo ser tu gran amiga incluso tu compañera de vida
Yo puedo ser tu aliada la que aconseja y la que apaña
Yo puedo ser cualquiera de todas depende de como tu me apodas

Pero no voy a ser la que obedece porque mi cuerpo me pertenece
Yo decido de mi tiempo como quiero y donde quiero
Independiente yo nací, independiente decidí
Yo no camino detrás de ti, yo camino de la par aquí

Tu no me vas a humillar, tu no me vas a gritar
Tu no me vas someter tu no me vas a golpear
Tu no me vas denigrar, tu no me vas obligar
Tu no me vas a silenciar tu no me vas a callar

No sumisa ni obediente
Mujer fuerte insurgente
Independiente y valiente
Romper las cadenas de lo indiferente
No pasiva ni oprimida
Mujer linda que das vida
Emancipada en autonomía
Antipatriarca y alegría

A liberar
Yo puedo ser jefa de hogar, empleada o intelectual
Yo puedo ser protagonista de nuestra historia y la que agita
La gente la comunidad, la que despierta la vecindad
La que organiza la economía de su casa de su familia

Mujer linda se pone de pie
Y a romper las cadenas de la piel

No sumisa ni obediente
Mujer fuerte insurgente
Independiente y valiente
Romper las cadenas de lo indiferente
No pasiva ni oprimida
Mujer linda que das vida
Emancipada en autonomía
Antipatriarca y alegría
A liberar

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Los que no pueden más se van...


Viernes 3 am - Serú Girán

VII - Da Minha Aldeia


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.


O Guardador de Rebanhos - Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Desafio


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma mente inteligente e um corpo sem sentido

Coloca a mão no fogo, queima, sente que queima
Coloca a mão no fogo, pensa, lembra, já sei que queima
Coloca a mão no fogo, não coloca a mão no fogo
Não vou mais colocar
Não vou mais queimar
Não vou mais sentir queimar
Não vou mais sentir
Não vou mais
Não vou
Não
Acabou

O Ciúme - Guilherme de Almeida

Minha melhor lembrança é esse instante no qual,
pela primeira vez, me entrou pela retina
tua silhueta provocante e fina
como um punhal.
Depois, passaste a ser unicamente aquela
que a gente se habitua a achar apenas bela
e que é quase banal.

E agora que te tenho em minhas mãos, e sei
que os teus nervos se enfeixam todos em meus dedos
e os teus sentidos são cinco brinquedos
com que brinquei;
agora que não mais me és inédita; agora
que compreendo que, tal como eu te vira outrora,
nunca mais te verei;

agora que, de ti, por muito que me dês,
já não me podes dar a impressão que me deste,
a primeira impressão que me fizeste;
— louco, talvez,
tenho ciúmes de quem não te conhece ainda
e, cedo ou tarde, te verá, pálida e linda,
pela primeira vez!

sexta-feira, 21 de março de 2014

Aqui e acolá

Numa viagem a Argentina
Que durou cerca de um dia
Era tanta terra aparentemente vazia
Que parecia terra infinita
E então lembro da minha cidade e seus personagens
Financiando caixa de sapato
Financiando meio metro quadrado
Em vezes que não cabe numa vida



Piedra sin anillo

Era madrugada
Y yo todavía tenía los ojos cerrados
Estaba distraída sin percibir que me fijabas en serio
Me cambio la sonrisa por una frente arrugada y al toque me empiezas a decir
Que tenías algo que decir
Piedra sin anillo
Así como la mayoría de las piedras
Decías que me amabas
Y que de eso estabas seguro
Pero comparabas el amor al fuego
Y que en el actual momento
(Me decías así, sencillamente)
Sentía la finura y la frialdad de un grand monte de color gris
(Y yo tranquila me desperté)